Conversas sobre emoções, ativismo, gaia etc
Seguem algumas conversas em que participei já há um tempo:
Nadar contra a corrente — Trecho em áudio de um encontro n’o lugar, cujo tema era a “imaginação de outros mundos”.
Crise ecológica como prática espiritual — Live com Natmanso e Lucas Ghisleni. Falamos sobre a Terra como um princípio unificador e várias outras coisas.
Transformação social e espiritualidade — Live da editora Bambual, com Andreas Hernandez e o Lucas; o gancho foi a publicação do ótimo livro Ecodarma, de David Loy.
Precisamos quebrar a apatia climática — Conversa com a Nathália e a Isabella, d’o curso das emoções, sobre como a crise ambiental afeta as emoções. Segue abaixo, a transcrição de um trecho:
Como a crise climática impacta nosso mundo emocional?
Esse silêncio (climático) tem tudo a ver com a dor, com evitar a dor. É basicamente isso. Essa é uma coisa que se fala muito no Trabalho que reconecta, da Joana Macy. Ela diz assim: por que as pessoas têm apatia em relação à devastação do mundo? Por que ninguém faz nada? Por que as pessoas se fecham? E Joanna Macy percebeu que a raiz da palavra “apatia” é algo como ‘não sofrer’. Então é daí que vem a apatia: as pessoas não querem sofrer, porque olhar para isso dói. Olhar para isso é horroroso. A gente não quer ver nada horroroso. Já basta aquilo que temos que ver todo dia.
As pessoas realmente se fecham, é natural. Não tem nada de errado nisso, em não querer sofrer. Por exemplo, pessoas que estudam a empatia descobriam que existe um fenômeno que eles chamam de contágio emocional. Quando vemos alguém sofrendo, automaticamente começamos a sofrer. A reação instantânea, não hábil, é se fechar para o sofrimento do outro. E isso porque a gente também não quer sofrer.
Uma das principais maneiras de lidar com isso é acessar nosso próprio altruísmo natural, nossa compaixão natural que já está ali. Quando acessamos isso, não é algo que tem que ser aprendido ou que vem de fora. Nós já temos, só precisamos aprender a acessar. E isso é o quê? Um impulso natural de fazer o que estiver dentro do nosso alcance para poder ajudar.
Quando a gente acessa isso já não há mais o contágio emocional, já vem essa compaixão genuína que atinge uma natureza maior. É como se fosse uma fonte de energia incessante.
A melhor maneira que eu vejo para lidar com essa apatia é, primeiro, não se fechar. Sim, realmente é horroroso, realmente dói. Mas se a gente se fechar, a gente nega o problema — é uma forma de negacionismo sutil.
Quando se fala em emoções relacionadas ao colapso ambiental, quase sempre só falamos em emoções negativas. Tem a ansiedade, depressão, medo, negação, alienação… Agora a grande questão é que existem emoções positivas também. Todo mundo gosta de ser sentir unido com a natureza, olhar a beleza dos animais, do encadeamento de toda a teia da vida… Todo mundo gosta de sentir isso, dessa sensação de expansão, de ir além do próprio impulso egoísta, se conectar com algo maior. Agora a questão é:
quando a gente se fecha para a dor, a gente se fecha para essa natureza maior também.
Abrir-se para a própria dor, para o horror e desconforto, é a ponte mais direta para nos conectarmos com essa natureza maior que perdemos.
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