Links: reflorestar corações, emoções do fim do mundo, obsolência programada...
Vídeo da campanha "Amazônia de Pé". Assine → https://amazoniadepe.org.br/
Como na semana passada teve o Dia da Amazônia, o assunto prossegue (que bom seria se prosseguisse sempre).
Eu entendo bem a sensação de que a floresta parece algo lá longe, que não nos afeta. Também estou longe fisicamente e, no final, parece que não temos a estrutura mental para perceber e reagir a colapsos assim massivos.
Algumas pessoas dizem que temos um tipo de predisposição animal para nos adaptar apenas a ameaças imediatas. É um argumento que faz algum sentido. No entanto, ele parte de um pressuposto de separação da natureza, na forma dessa ilusão: "Para nós, que já nos separamos do mundo natural, as ameaças a ele já não importam tanto."
Então a indiferença em relação à destruição é um sintoma da separação.
Tem uma história que ilustra isso: um amigo meu prefere meditar ao ar livre, na natureza... Na verdade, se não houver uma ampla faixa de céu e, pelo menos, algumas árvores, a meditação meio que não funciona — como em ambientes fechados, sem janelas etc. Estar fisicamente em um espaço "conectado" traz a sensação de abertura, de fazer parte de algo maior etc.
Eu também gosto de ambientes assim. Mas esse mesmo espaço infinito e essa mesma natureza maior também permeiam cada milímetro de meu corpo, cada instante de minha mente.
Para quem já esteve numa grande floresta, é a mesma coisa. Isso enche o coração. Ela é uma expressão majestosa da natureza. E nós? Também somos? Em teoria, sim, claro. Mas talvez um dos motivos dessa sensação de separação seja a própria mesquinharia humana onde também chafurdamos. É mais difícil reconhecer o esplendor ao olhar para nossas sociedades.
Enfim, essa é apenas uma reflexão para me lembrar de que a floresta, a natureza, não é algo lá fora. A devastação das florestas e o extermínio de seus povos são a nossa própria destruição. E a indiferença que permite isso também é a nossa própria natureza mais íntima morrendo, enquanto o corpo ainda continua de alguma forma.
No último sábado, fui no evento de encerramento da semana da Amazônia do IRI Brasil, que contou com o renomado especialista em Amazônia Carlos Nobre, importantes representantes indígenas e de diversas comunidades de fé.
Como cita Nobre no link acima, diversas regiões da Amazônia já viraram fontes de emissão, em vez de absorver carbono.
Um novo estudo também aponta que a floresta já atingiu certos "pontos de não retorno" de degradação.
No mínimo, votar pelo meio ambiente é crucial. Sobre isso, confira esses links:
Ruralômetro: 68% da Câmara vota contra meio ambiente, indígenas e trabalhadores rurais
Maior lobby no Congresso, ruralistas controlam 1/4 da Câmara
Mais de 50% dos parlamentares da Amazônia Legal são de legendas que votam contra o meio ambiente
É comum ouvirmos que o agronegócio mantém viva a economia brasileira, sendo 1/3 do PIB. É verdade? Conforme esse levantamente da Piauí, o agro responde por apenas 7% do PIB, praticamente não paga impostos e gera pouco emprego. Mas impulsiona 90% de todo desmatamento (no mundo). E ajuda a eleger políticos como o atual presidente.
Emoções do fim do mundo
É por essas e outras que uma pesquisa mundial recente apontou que a humanidade vive hoje um pico de tristeza, a maior infelicidade dos últimos 15 anos.
Esperança
Acompanhe o Sumaúma, um novo projeto sobre posicionar a Amazônia no centro do mundo, de Eliane Brum e cia → https://sumauma.com/quem-somos/
Essa reportagem gráfica sobre agroflorestas amazônicas é de tirar o chapéu:
→ https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/amazonia/infografico-como-funciona-agroflorestaO projeto Amazônia Viva também está promovendo esse workshop:
Civilização descartável
Um trecho de uma entrevista com Giles Slade, especialista em obsolência programada:
O nível de satisfação que as pessoas recebem com uma nova compra tecnológica decaiu substancialmente. O remorso por consumir também tem batido mais forte e mais rapidamente. É vendido para nós que uma camisa branca, óculos de sol, um carro zero vão nos tornar pessoas melhores ou nos ajudar a conquistar uma mulher ou um homem. Existe toda aquela mitologia, mas, no final, não conseguimos nos satisfazer. Se pretendemos continuar sendo humanos, precisamos alterar radicalmente nosso sistema de valores. Senão, empresas como o Facebook vão intensificar essa estratégia, nos induzindo a comprar coisas sem que saibamos. A visão que a indústria tem sobre a humanidade é muito superficial, como se fôssemos um rebanho de ovelhas que precisa ser tosado periodicamente, mas não muito bem alimentado ou cuidado. O modelo de capitalismo que desenvolvemos é essencialmente desumano. Ele está nos destruindo, por causa de todo o lixo que despejamos sobre o planeta, mas também por razões espirituais difíceis de quantificar.