Luto e esperança
Sinto-me doente com a destruição em que vivemos. É uma sensação cada vez mais disseminada por todo o mundo.
Antes, quando eu contemplava, por exemplo, um aspecto positivo da vida, a ideia de um futuro já vinha acoplada nas bordas, subliminarmente, como uma continuidade do presente, do bem que vivencio, de possibilidades auspiciosas etc. "Isso deve continuar mesmo que este corpo não esteja mais aqui". É o que alimenta muito do sentido de propósito que tentamos trazer para a vida.
Agora, a sensação é que essa perspectiva foi amputada. É bem provável que o ambiente em que vivemos e aquilo que depende dele — que é basicamente tudo — continuem só degenerando. Assim, sobra uma ausência de mundo, algo muito parecido com a perda de alguém que amamos profundamente. Como viver com essa lacuna?