A máquina do fim do mundo na Amazônia
Em 2022, a Amazônia foi devastada a um ritmo de três mil campos de futebol por dia (ou um campo a cada 30 segundos), um recorde em 15 anos.
Para traduzir melhor estatísticas como essa, o pesquisador Antonio Nobre evoca a imagem de uma “máquina do fim do mundo”, em relação à morte de 22% (763 mil km², ou duas alemanhas) da floresta entre 1970 e 2013:
É preciso imaginar um trator com uma lâmina de 3 metros de comprimento, evoluindo a 756 km/h durante quarenta anos sem interrupção: uma espécie de máquina de fim do mundo. Segundo o conjunto das estimativas, isso representa 42 bilhões de árvores destruídas, isto é, duas mil árvores derrubadas por minuto ou 3 milhões por dia. É uma cifra difícil de imaginar por sua monstruosidade. E aqui falamos apenas de corte raso1.
Para exemplificar apenas uma entre as múltiplas consequências — seca e mudanças climáticas devido à alteração nas chuvas —, em média, cada árvore da Amazônia evapora 300 litros de água na atmosfera. O total desses “rios voadores” supera o que todos os rios da Amazônia despejam no mar diariamente.
Pé no chão
Também tenho otimismo com o novo governo, mas lembrando como o PT lidou com a Amazônia, apesar de progressos reais, não há tanto motivo assim para isso.
Uma boa reportagem de arquivo para relembrar um projeto monstruoso: O rastro de destruição de Belo Monte. E muitas outras.
Há um mito sobre hidrelétricas serem fontes de energia limpa. Entre diversas outros distúrbios, suas emissões de gases do efeito estufa são maiores do que dos outros tipos de usinas juntas, segundo alguns estudos. Emissões globais de metano por hidrelétricas equivalem ao que o Canadá emite desse gás, mas isso geralmente não é levado em consideração por órgãos como o IPCC (ONU), que trabalha com projeções “conservadoras”.
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Citado por Luiz Marques, em Capitalismo e colapso ambiental (2019). O desmatamente via corte raso exclui o corte seletivo, em que a degradação ocorre pela retirada de árvores escolhidas (como as de mogno, já próximas da extinção). Há estudos apontando que a área degradada — que parece floresta amazônica, mas já não se comporta como — por corte seletivo e queimadas soma 10% da Amazônia.